“A Afetividade como estratégia na recuperação de crianças e idosos, minimizando o fluxo de pacientes internados e seus impactos.”

 

Por Cristiane Rodrigues*

 

Atualmente as discussões sobre o conceito de saúde ampliam-se cada vez mais. Considerando que saúde não remete o indivíduo apenas às suas condições físicas, mas sim em todos os aspectos, mental, espiritual e emocional, pode-se associar este último elemento como sendo um diferencial, durante os períodos de internação, principalmente de crianças e idosos.

A afetividade, aliada à humanização no ambiente hospitalar proporciona a elevação do nível de satisfação e acolhimento de pacientes internados, e, no caso de crianças e idosos, os acompanhantes sentem-se mais seguros, e a credibilidade da unidade hospitalar passa a ter uma identidade diferenciada. Ressalta-se que o conceito de afetividade, neste contexto, não se remete às sensações de amor e carinho,  mas sim, como definido por Henri Paul Hyacinthe Wallon  filósofo, médico, psicólogo e político francês, como um sentimento norteado por elementos externos: o olhar do outro, um objeto que chama a atenção, uma informação que recebe do meio, quanto por sensações internas: como medo, alegria, fome e dor¹, sensações estas presentes na maioria dos pacientes, sem distinção de faixa etária.

 Minimizando o fluxo de pacientes internados, e gerando vagas, a unidade hospitalar pode focar em quantidade de atendimentos com qualidade, além é claro da redução de situações de risco, como infecções hospitalares e outras patologias.

O cenário atual apresenta divergências aliadas ao tempo disponibilizado dos familiares em horários de visita, em relação aos idosos, bem como no efetivo e significativo acompanhamento de crianças internadas. Esse olhar requer estratégias de todos os colaboradores, independente do nível hierárquico que ocupam, neste aspecto, a afetividade da equipe não vai ocupar lacunas deixadas pela ausência de familiares, pelo contrário, fortalecerá o vínculo com o paciente internado, não substituindo ausências, mas contemplando relações de convivência favorecidas pela afetividade.

         Evitar um problema sistêmico decorrente de uma superlotação, por meio da mudança do comportamento da equipe, favorece através da afetividade, a recuperação de pacientes internados, insistindo, na questão do acolhimento e da construção de vínculos.

Ações simples, como a identificação do paciente e de seus familiares através de seus nomes, a empatia como premissa, pois a equipe deve, necessariamente, receber capacitações e praticar vivências sobre a possibilidade de se colocar no lugar do outro, explicar com detalhes, não necessariamente técnicos, mas funcionais, o que será realizado com o paciente, como por exemplo, os procedimentos indicados pelos médicos,  medicamentos prescritos e  ministrados, viabilizando, inclusive uma comunicação assertiva entre pacientes e equipe técnica, indicam a afetividade, através de pequenos gestos. A equipe de apoio, ou seja, camareiras, higienizadoras, também devem adotar esta mudança de comportamento viabilizando de forma afetiva e efetiva esta relação com os pacientes internados, nos idosos, estímulos são extremamente necessários.

A afetividade está ligada à transparência, à preocupação de que crianças e idosos tenham uma estadia menos traumática, pois as mudanças de suas respectivas rotinas afetam e desequilibram a estabilidade funcional de ambos, e que os contatos diretos (físicos) com os pacientes, no caso da equipe técnica, e os indiretos (prestação de serviços – higiene, alimentação) através da equipe de apoio fortaleçam laços afetivos e o equilíbrio emocional, que  favorecido, melhora as condições de saúde dos pacientes, antecipando, inclusive altas médicas.

 

Referência

¹ Henri Wallon – disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/264/0-conceito-de-afetividade-de-henri-wallon - acesso em 30 de janeiro de 2017.

 

 

* Cristiane Rodrigues é Assistente Social e Pedagoga, com especializações em Gestão de Recursos Humanos, Psicopedagogia (Universidade de Taubaté/SP) e Educação Profissionalizante  (SENAC/SP). Atualmente, atua como parceira associada à Simbólica, Assessoria e Consultoria em Psicologia e Saúde Ocupacional, em Resende/RJ.